quarta-feira, 6 de abril de 2016

Pedro Arroja está desesperado e a desintegrar-se

Pedro Arroja está desesperado. Representa os resquícios de uma sociedade da idade média que tem vindo, felizmente, a desintegrar-se, mais devagar que o desejável mas sempre a dar passos seguros. E Pedro Arroja anda aflito, a esbracejar, a afundar-se na sua própria mentalidade das cavernas e grita pedidos de ajuda incoerentes e disparatados, sem que alguém, nem os que até alinham com algumas das suas ideias, lhe dê a mão.

Pedro Arroja está desesperado, começa a ver o mundo a andar em frente, as sociedades a elevarem-se e ele, pobre coitado, a ficar isolado numa ilha sem árvores, sem seres vivos, apenas cavernas, areia lamacenta e muitos papões para o atormentarem à noite.

Este senhor aqui em baixo anda perdido, está desorientado com os ganhos da mulher pela igualdade de direitos nas sociedades ocidentais e modernas, pela luta pelo fim das sociedades patriarcais que ano após ano ganha mais adeptos e avança mais uns metros.

 
O rei dos homofóbicos odeia homens homossexuais, odeia mulheres que saem de casa para trabalhar, odeia feministas, odeia mulheres que alcançam sucesso em qualquer área da sua vida, odeia o mundo democrático e livre e, no final de todo este percurso, odeia-se a si próprio. Vive perdido numa sociedade que caminha para a igualdade de géneros, para o respeito pelo próximo, sem olhar a raça e géneros.
 
Depois de ter chamado "esganiçadas" às dirigentes do Bloco de Esquerda por elas serem dirigentes, veio agora mostrar mais um pouco do seu fel cavernoso, escrevendo no seu blogue qualquer coisa como: "A ascensão generalizada de mulheres nas direcções partidárias é um sinal de degenerescência dos partidos". Cada vez que uma mulher chega a um lugar de liderança Pedro Arroja esvai-se em diarreia. Contorce-se em espasmos sofridos e caga-se todo. Desfez-se em diarreia quando Assunção Cristas chegou à liderança do CDS e borrou-se (mentalmente falando) quando Passos escolheu mulheres para a vice-presidência do PSD. Como é que é possível que mulheres cheguem à liderança de organizações políticas? Um lugar natural dos homens. E não aguentou a dor e evacuou de novo, com uma explicação mais ou menos assim: Como os partidos políticos são organizações "sectárias por excelência", descendendo directamente de "seitas protestantes", elevar uma mulher à liderança "é enfraquecer o espírito partidário".
 
Vamos por partes. Arroja até acerta num ponto. Há centenas de anos os partidos nasceram como organizações sectárias, da mesma forma como há centenas de anos as mulheres não tinham direito ao voto, nem sequer a trabalhar fora de casa e em que serem violentadas pelos maridos era visto como normal e aceitável. Não podiam usar calças sem que fossem apelidadas de depravadas e mulheres da vida, não podiam entrar em cafés, não deviam falar de política, não podiam viajar para o estrangeiro sem autorização do seu senhor marido, não podiam ser juízas ou militares. E podia continuar...
 
O que Pedro Arroja -  um economista a quem o Porto Canal dá palco à sua revolta - se esquece é que o mundo mudou, as sociedades mudarem, as tradições mudaram, as leis mudarem, as mentalidades estão a mudar. Como tal, e obviamente, a mudança chegou aos partidos. Claro como a água. E se o "espírito sectário" de que Arroja fala significa que os partidos sejam intolerantes e funcionem como seitas (é o que significa sectário), então, ao dizer que as mulheres, com o seu "espírito comunitário",  vão enfraquecer o sectarismo dos partidos, este economista está sem se aperceber a fazer um elogio ao impacto da subida das mulheres às lideranças. E até merece aplausos. Por tudo isto e muito mais o fim do espírito sectário nas organizações com a liderança das mulheres só pode mesmo ser uma boa notícia.
 
Por isso, mulheres, mulheres que lideram, mulheres que alcançaram a liderança de partidos, mesmo que nos/vos incomode os contantes ataques de Pedro Arrojo, vejam tal diarreia como um rasgado elogio, porque é notável que alguém reconheça que o espírito comunitário das mulheres "enfraquece" o espírito sectário dos homens nos partidos. E pensem: Pedro Arroja está desesperado, a sua alma ficou parada na caverna, o seu espírito vê-se cada vez mais isolado numa ilha lamacenta, escura e pejada de fantasmas. Há que perdoar e tentar ajudar, recomendando uma minuciosa terapia, acompanhada de soro para a desidratação. É que, dado que cada vez são mais as mulheres que chegam a lugares de topo nos partidos, Arroja arrisca-se a uma desintegração por tanta evacuação.
   
 

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